Ex-dirigentes presos, pessoas do alto escalão do futebol mundial envolvidas em transações duvidosas, presidente reeleito e na primeira semana de novo mandato, renuncia... o que está acontecendo na FIFA?
A pouco mais de uma semana, sete dirigentes da Fifa foram presos em Zurique, na Suíça. As prisões foram feitas pela policia suíça a pedido da justiça norte-americana. Uma investigação conduzida por Loretta Lynch, Secretária de Justiça dos EUA, trás 47 acusações de corrupção a mais de vinte anos na entidade, e possível suborno para a escolha de Russia (Copa de 2018) e Catar (Copa de 2022).
Os sete presos em um hotel de luxo em Zurique estavam ali hospedados para o encontro da Fifa que iria, entre outros compromissos, eleger o presidente da entidade. Joseph Blater, suiço, disputava sua quarta reeleição, tendo o príncipe jordaniano Ali Bin Hussein, como único concorrente.
Três dos presos eram ligados a CONMEBOL, são ele: Rafael Esquivel, venezuelano, 68 anos, membro do comitê-executivo e, também, presidente da Federação Venezuelana de Futebol; Eugênio Figueiredo, uruguaio, 83 anos, vice-presidente da Fifa e ex-presidente da Conmebol (1993 a 2013) e ex-presidente da AUF(1997 a 2006), Eugênio também era ligado aos comitês executivo da Fifa, Finanças, Futsal, Emergência, Estratégico; José Maria Marín, brasileiro, 83 anos, ex-presidente da CBF(2012 a 2015) e atual vice-presidente, pertence aos comitês organizador da Copa do Mundo, Organizador da Copa das Confederações, Organizador do torneio de futebol olímpico, Organizador do Mundial de clubes.
Quatro outros presos ligados à CONCACAF, sendo eles: Julio Rocha, nicaraguense, 64 anos, Presidente da Federação da Nicarágua e agente de desenvolvimento da Fifa; Eduardo Li, costarriquenho, 56 anos, Presidente da Federação de Costa Rica e Membro do Comitê Executivo da Concacaf, ligado aos comitês de Status dos Jogadores, Executivo da Fifa e Organizador do Mundial Feminino sub-17; Jeffrey Webb, Caimanês, 50 anos, vice-presidente da Fifa, Presidente da CONCACAF e Presidente da Federação de Ilhas Cayman, ligado aos seguintes comitês da Fifa - Executivo da Fifa, Organizador da Copa do Mundo, Emergência, Finanças, Desenvolvimento, Organizador do Mundial sub-20 Estratégico e, por fim, comitê de Força-Tarefa contra Racismo e Discriminação; Costas Takkas, inglês, 58 anos, Adido do presidente da Concacaf (Jeffrey Webbs), ex-secretário-geral da Federação de Ilhas Cayman.
O Departamento de Justiça norte-americano, o F.B.I (Policia Federal dos EUA) e a I.R.S, acusam a Fifa de crimes como extorsão, fraudes financeiras e lavagem de dinheiro, num total de US$ 150 milhões (quase R$ 470 milhões) desde 1991.
O fato de instituições norte-americanas como os bancos Delta, JP Morgan Chase, Citibank e bank of America terem participado do esquema de pagamentos ou recebimentos ilícitos, a justiça norte-americana diz ter jurisdição para tais acusações. Sem falar que as empresas de mídia do país pagaram o maior valor por direitos de transmissão da Copa do Mundo. Nos bastidores fala-se de uma profunda magoa causada aos EUA, que se preparou, gastou muito e estava certo de ser sede ou de 2018 ou de 2022, mas perdeu para Rússia e Catar.
Em Trinidad e Tobago, o investigado Jack Warner, ex-presidente da Concacaf, se entregou a justiça de seu país, ficando preso por 24 horas, sendo solto após pagar fiança de US$400 mil. Ele diz que vai falar tudo o que sabe e que teme por sua vida. Nicolás Leoz, ex-presidente da Conmebol, está em prisão domiciliar em Assunção, no Paraguai e só não foi preso em Zurique porque recebeu recomendações médicas para não viajar.
Empresários ligados ao futebol também foram indiciados: Alejandro Burzaco, controlador da Torneos y commpetencia, empresa argentina de marketing esportivo; Aaron Davidson, presidente da subsidiária da Traffic nos EUA; Hugo e Mariano Jinkis, controladores da Full Play, outra empresa argentina de marketing esportivo; José Margulies, controlador da Valente Corp. And Somerton, empresa de comunicações.
Já há pessoas condenadas neste escândalo da Fifa, pessoas como os filhos de Kack Warner, Daryll e Daryan Warner; Charles Blazer, norte-americano que foi secretário-geral da Concacaf confessou em 2013 à justiça norte-americana que houve suborno nas escolhas das sedes das copas de 1998 e 2010, e o empresário brasileiro J. Hawilla, juntamente com suas duas empresas, a Traffic International e a Traffic USA.
Em meio a tudo isso, Joseph Blatter foi reeleito, em 29 de maio, para o 5º mandato, mesmo sem o apoio do bloco europeu mas, em seguida, renunciou ao cargo. Um congresso extraordinário elegerá seu sucessor entre dezembro de 2015 e março de 2016. Platini, príncipe Ali, Zico(que diz não acreditar num eventual apoio da CBF para sua candidatura), Figo, são nomes cotados para substitui-lo.
Ontem, o diretor-executivo da FAI (Associação Irlandesa de Futebol) contou que a Fifa pagou 5 milhões de euros em 2009 para evitar uma ação judicial sobre a controversa derrota nas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010. A controversa se deu após o atacante francês, Thierry Henry, conduzir a bola com a mão, dentro da área irlandesa, e cruzar a bola para William Gallas marcar o gol da classificação francesa para a Copa de 2010, ja na prorrogação.
Os sete presos na Suíça deverão ser extraditados da Suíça para os EUA, onde enfrentarão o processo judicial, podendo pegar até 20 anos de prisão. O Departamento de Justiça dos EUA investiga ainda o contrato da CBF com uma grande marca esportiva americana(dizem as más línguas que se trata da Nike, que era responsável pelo fornecimento de material para a CBF em 1997) bem como contratos referentes a Copa do Brasil. O Ministro da Justiça, nesta quinta-feira, informou que a Policia Federal abriu inquérito para investigar o caso no Brasil.
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