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Dois meses para a Copa do Mundo no Brasil e muito atraso é o legado que fica após a competição

Um retrato do Brasil feito pelo jornal The New York Times, a poucos dias do maior evento futebolístico, mostra fragilidade do país para receber a Copa e a preocupação com o que ficará para depois do mundial


Com vários projetos voltados ao desenvolvimento do país andando a passos muito lentos, Brasil tem agora dois meses até o ponta pé inicial da Copa. Obras de infra estrutura atrasadas, obras para Copa atrasadas, aeroportos a serem finalizados após a competição, mobilidade pública nas cidades-sedes ficou no papel e qual a resposta para tanta ineficiência: corrupção, burocracia, embates políticos, o que será que acontece no Brasil que, mesmo com um evento como Copa do Mundo, que moderniza e move um país, antes e depois do jogo final, as coisas não saem como combinado.


O Jornal The New York Times do ultimo domingo trouxe uma reportagem falando a respeito do Brasil e suas obras de infra-estrutura e preparativos para a Copa do Mundo.

o jornal mostrou que projetos que visam o desenvolvimento do país, a muito tempo foram começados e continuam a aumentar orçamentos e a adiar prazos de entrega. Com a Copa não é diferente, estádios atrasados (o palco da abertura da competição ainda passa por obras), sistemas públicos de transportes, um misto de ônibus e trens a rodarem pelos grandes centros, ficarão para depois do mundial. 

Para especialistas em politica brasileira, o maior vilão de todo isso é a burocracia que paralisa o país a anos. A corrupção e falta de responsabilidade dos administradores do país também contribuem e muito para este cenário nacional. 

A preocupação por parte da população brasileira com o futuro, por exemplo, de estádios, Arenas de futebol erguidas em estados cuja paixão pelo esporte, bem como grandes clubes ou torneios não acontecem. Apelidados de elefantes brancos, estádios como o de Brasilia e Manaus correm o risco de ficarem expostos ao tempo e ao vento. 

"Os fiascos estão se multiplicando, desordem revelando que é lamentavelmente sistêmica", disse Gil Castello Branco, diretor do Contas Abertas, um grupo de vigilância brasileiro que analisa os orçamentos públicos. "Nós estamos acordando para a realidade de que imensos recursos foram desperdiçados em projetos extravagantes, quando nossas escolas públicas ainda são uma bagunça e esgoto ainda está em nossas ruas."

Em obras de infraestrutura do país, algumas delas que começaram no governo anterior ao de Dilma, o governo Lula, altos custos chamam a atenção: Transposição do Rio São Francisco (deveria ser entregue em 2010) , é uma rede de canos de concreto construídos sertão adentro ao custo de R$ 3,4 bilhões, e dezenas de parques eólicos não acabados.

O Brasil tem um crescimento econômico de 1,63 por cento neste ano, uma queda de 7,5 por cento em 2010 e corte de créditos da Standard & Poors, que prevê baixo crescimento do país ainda por vários anos. Para muitos, a queda no crescimento do país é uma das principais causas de atrasos nas obras do mundial e da infraestrutura do país.

Quem apoia o governo Dilma diz que se não fossem os esforços do governo com gastos públicos na melhoria da infraestrutura do pais o Brasil estaria num cenário muito pior, com muito desemprego. Luis Inácio Lula da Silva, em entrevista recente, ao ser questionado sobre 
a lentidão na entrega das obras iniciadas em seu governo, disse que antes do seu governo o país vinha a décadas sem investir em projetos de obras públicas, tendo que começar do zero.

"Ficamos por 20 anos sem fazer ou desenvolver todos os projetos de infra-estrutura pública", disse Lula. "Não tínhamos projetos na gaveta." 

Para vários especialistas, o Brasil não faz projetos bem assessorados e as obras públicas sofrem muito com a burocracia de auditorias e ações judicias.



"Alguns empreendimentos nunca mereceu o dinheiro público em primeiro lugar", disse Sérgio Lazzarini , economista do Insper, uma escola de negócios de São Paulo, apontando para os milhões de financiamento do Estado para a reforma do Hotel Glória, no Rio, a propriedade até recentemente pertencia a um magnata da mineração, Eike Batista. O projeto foi deixado inacabado, incapaz de abrir até o inicio da Copa do Mundo, quando o império do Sr. Batista ruiu no ano passado .

"No caso de projetos de infra-estrutura que merecem o apoio do Estado", continuou o Sr. Lazzarini, "há a difícil tarefa de lidar com os riscos que o próprio Estado cria."

Assim como acontece com as obras da Copa, o Brasil também atrasa obras que melhorariam sua infraestrutura e a vida de vários cidadãos brasileiros


Transnordestina



Iniciada em 2006, a ferrovia Transnordestina, na região Nordeste do Brasil, estava prevista para ser concluída em 2010. Com orçamento de cerca de US $1,8 bilhão, a estrada de ferro, de mais de 1.500 Km, deverá custar aproximadamente US $ 3,2 bilhões, com mais financiamentos de bancos estatais. Previsão de entrega 2016.



Auditorias e outros contratempos envolvendo a cidade de Paulistana, do Piauí, um dos estados mais pobres do Brasil, resultaram em vários locais de trabalho abandonados, a obra inacabada e exposta as ações do tempo e da natureza.

"Os ladrões estão saqueando metal a partir dos locais de trabalho", disse Adailton Vieira da Silva, de 42 anos, um eletricista que trabalhou com milhares de outros antes do trabalho interrompido no ano passado. "Agora não são apenas estas pontes deixados no meio do nada."

O ex-presidente Lula reconheceu que parte desta burocracia existente no país partiu de projetos criados pelo partido ao qual ele pertence, o Partido dos Trabalhadores, antes do proprio Lula chegar ao poder no Brasil. "Criamos uma máquina, uma máquina de fiscalização, que é a maior máquina de supervisão em todo o mundo", disse ele, explicando como o seu partido ajudou a criar um sistema labiríntico de auditorias e controles ambientais antes que ele e Dilma chegaram ao poder.

"Quando você está na oposição, que pretende criar dificuldades para aqueles que estão no governo", disse Lula. "Mas nos esquecemos de que talvez um dia nós fossemos tomar posse."

Os Parques eólicos, alternativa para geração de energia para o país, que depende muito de hidrelétricas, não avançam nas obras devido a falta de linhas de transmissão para conectar a rede elétrica. 

Obras com assinatura do arquiteto Oscar Niemeyer abandonadas. No Rio Grande do Norte, na capital Natal, foram gastos milhões em edifícios ondulados. Inaugurados em 2006 e 2008, foram abandonados na sequencia e ocupados por posseiros. Uma Torre de Transmissão, em Brasilia, que também é um projeto de Niemeyer, seria uma flor futurista. Permanece inutilizada dois anos após sua inauguração.

Até o caso ET de varginha foi alvo de escândalo público. Um museu, a ser construído na cidade de Varginha, sul de Minas Gerais, onde várias testemunhas afirmam terem avistado um extraterrestre, recebeu verbas federais, no entanto, nunca nada foi construído.

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